Jacaré parado vira bolsa de madame
- Da ponte Para cá
- 27 de nov. de 2019
- 3 min de leitura
Aos 21 anos, Jeferson Delgado é a nova sensação do universo audiovisual
“Jacaré parado vira bolsa de madame” é a frase slogan do Jeferson Delgado, youtuber, fotógrafo e jornalista. Criador do canal Favela Business, que fala sobre empreendedorismo periférico, é também um influencer no Instagram com 22,2 mil seguidores. Ele registra diariamente na rede social a rotina agitada de trabalho e curiosidades sobre como é morar sozinho sendo um jovem periférico.

Ele nasceu e cresceu na periferia da zona Sul de São Paulo. O olhar empreendedor sempre acompanhou o jovem, que em 2016, teve o primeiro contato com o audiovisual e com a fotografia, por conta de um projeto de música dentro da universidade onde fazia cursinho. Com a ajuda de um amigo, começou a operar os equipamentos de audiovisual e a se interessar cada vez mais pelo assunto. Hoje, o jovem é um dos principais fotógrafos da área do funk.
Da ponte pra Cá: Como surgiu a inspiração para começar?
Jeferson Delgado: Em 2016 eu tinha 17 anos e minha irmã estudava e morava na USP. Fui dividir o espaço com ela no alojamento estudantil para fazer um cursinho pré-vestibular. Um amigo nosso me ensinou a mexer em uma câmera que ficou comigo por alguns meses. Eu fazia fotos das festas na universidade e também vendia bebidas para me sustentar.
Ponte: Qual a importância do funk na sua carreira?
Delgado: O funk é meu principal trabalho hoje e está ligado há vivências que eu tenho dele antes mesmo de ser jornalista ou fotógrafo. Eu já ia para o baile com 12 ou 13 anos. Descobrir os artistas hoje, saber quem estourou uma música no passado e quem está em alta agora, como era o fluxo antes e como ele é hoje, a história dos passinhos, são coisas que me ajudaram muito.
Ponte: Você trabalhou na Kondzilla né? Como foi essa experiência?
Delgado: Entrei em 2018 produzindo algumas reportagens como freelancer e depois esse ano (2019) fui contratado fixo. Alimentei o portal deles com notícias que falam de moda no funk, assuntos relacionados à periferia, entrevistas e tendências desse universo, mas sai recentemente para seguir com a vida de freela
Ponte: Como é estar com os artistas que você sempre admirou?
Delgado: A gente vai acostumando aos poucos, então a convivência é normal, eles me cumprimentam, conversamos. Claro, que alguns deixam a gente mais emocionado quando conhecemos.
Ponte: Qual o primeiro baile que você fotografou?
Delgado: O primeiro baile que eu fotografei foi o Baile do Bega, ali na 17, e a Nitropoint, que é praticamente uma reunião dos principais bailes de São Paulo, tipo um Tomorrowland dos bailes de funk. Juntei as fotos em uma matéria no site do Kondzilla e uma viralizou, foi foda.
Ponte: Qual a dificuldade de ser um fotógrafo de funk nas favelas?
Delgado: Existe muita barreira do audiovisual na quebrada, a câmera é como se fosse uma mídia e o estereótipo da mídia é falar mal da favela, então a gente acaba sofrendo com isso porque queremos falar bem e pegar o melhor possível pra jogar na internet, eu vou pra produzir e fazer esse contraponto que a grande mídia não faz. A câmera assusta, então tem sempre que pedir permissão e ter um contato e tal com a galera, mostrar que você tá indo lá fazer seu trampo e não atrapalhar o role de ninguém
Ponte: Qual foi o seu baile mais marcante?
Delgado: Fico em dúvida entre o da Nitro Point, pelo o fato de uma foto minha de lá ter viralizado, virado flyer, capa do SoundCloud, eu vi a foto em vários lugares ou o Baile da Gaiola LGBT, que fiz esse ano, foi muito importante porque fotografei o Rennan da Penha antes dele ser preso.
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